- Uma guerra? Emilie, ele é o seu ex-namorado, buscando vingança. Não acha que ele iria querer lutar só contra você?
- Ah, Brian... – A ruiva suspirou – Se fosse tão simples assim... Já vi pessoas morrerem nas mãos dele por não terem retribuído um “oi” que ele deu, por terem brigado por algo fútil e por coisas menores. Realmente acha que vocês, pessoas que viveram comigo por todos esses anos, estarão sãos e salvos?
- E por que não? – Zacky interferiu – Emilie, você viu o que esse cara fez com você em pouco tempo. O que ele seria capaz de fazer a todos nós se tivesse a chance?
- Ele está certo. – Kerli falou, depois de muito tempo em silêncio ouvindo reclamações dos outros – Não podemos partir para um confronto direto contra o Andrea/ Matt. Isso seria quase como um assassinato em massa voluntário.
- O QUE VOCÊ SUGERE? – Emilie rosnou entre lágrimas, tremendo – Que eu me entregue para ele e morra? Essa é a solução em que vocês querem chegar?
- Não, Emilie, de jeito nenhum! – James tocou o ombro da amiga – Vamos chegar a uma solução, não vamos?
Todos se entreolharam. Um silêncio pesado se estabeleceu na sala, sendo o único barulho ali, as lágrimas de Emilie.
- Eu falei que um confronto direto não seria a solução, não que te deixaríamos morrer, Lilie – Kerli sorriu. – Vamos sair daqui. Ele saberia seu paradeiro facilmente se ficarmos no Instituto, ai sim você se entregaria. Vamos sair daqui.
- Mas, e os outros? – Johnny aproximou-se da beirada da cama – Não vai me dizer que vocês pensam em fugir com sei lá quantos milhões de pessoas!? Nada suspeito, nada suspeito. Nem fácil de achar!
- Ironias pra que,né? – Synyster riu. – Mas acho que não é esse o plano da Kerli.
- Emilie, você sabe o que devemos fazer,não sabe? – Kerli entrelaçou sua mão direita a da ruiva, que pressionou a mão da amiga como resposta.
- Sei sim. Mas precisamos nos arrumar para isso.
E, em um acordo silencioso, Emilie enxugou seus olhos, levantou-se e, passando seu braço pelo de Kerli, saiu junto a loira para o Instituto. Sem entender direito as duas, os rapazes as seguiram.
- Eu só queria entender o que elas vão fazer... –Zacky soltou o comentário.
- Jura que ainda não entendeu? Tá faltando parafuso ou seu cérebro não pega no tranco nunca, Vengeance? – Syn riu
- Valeu, fodão! Vai dizer que você sabe o que elas estão fazendo agora?
- Tenho uma vaga ideia, mas acho que sei muito bem o que elas vão fazer.
E sem mais objeções ou comentários, os seis seguiram para o vestiário do Instituto. Kerli vestiu-se com uma roupa branca totalmente colada ao seu corpo. Emilie colocou um top branco, com mangas compridas, uma saia branca cheia de trapos e meias listradas em vermelho e branco. As duas estavam perfeitas, mas aquela cena a seguir não seria.
Sentindo que também deveriam se arrumar, os rapazes se vestiram todos de preto, dando o contraste perfeito com as duas garotas. Todos seguiram até a porta do Instituto, vendo o sol começar a raiar e seus “pupilos” surgirem da floresta com os raios dourados tocando-lhes as faces.
- Carpe Diem,Plague Rats! – Emilie bradou, recebendo sua resposta.
- Integrity, Love and Union, Moonchilds!
Todos responderam Kerli fazendo os símbolos dos Moonchild.
Sentindo que aquele momento já estava tornando-se inevitável, elas entrelaçaram as mãos, os rapazes atrás delas como seguranças, e resolveram falar.
- Moonchilds, Plague rats, temos uma notícia para vocês – Kerli falou. – Hoje foi a última noite do Instituto. Estaremos fechando as portas deste lugar hoje. Pedimos para que vocês saiam imediatamente, por motivos de força maior.
- Se quiserem garantir o bem estar de vocês e sua sobrevivência, isso é necessário! – Emilie afirmou.
- Emilie, desde quando surgiu essa ideia? Por que temos que ir? – um plague rat de cabelos verdes espetados berrou em direção à sua líder.
- Eu não lhe devo satisfações! Na verdade, a nenhum de vocês – ela rosnou – Simplesmente, obedeçam nossas ordens!
Vendo a seriedade no rosto de Autumn, os Plague rats entraram no Instituto, buscaram suas coisas e saíram, um por um, para direções diferentes. Era estranho vê-los partir. Para Emilie, eles eram sua vida. Mas agora, ela tinha mais pessoas para proteger, e não poderia garantir a segurança de todos eles se todos ficassem ao seu redor. “É melhor assim” pensou. “Desse modo, vocês estarão livres do perigo que é viver comigo. Me desculpem por tê-los atraído até aqui e por abandoná-los agora, mas é preciso”. As palavras que ela precisava dizer passavam em sua mente. Era melhor eles partirem com sua imagem de seriedade e ferocidade do que com sua imagem boa e pura, há muito tempo escondida.
- Muito bem, Moonchilds, sua vez. – Kerli sorria para seus pupilos, vendo-os chorando ou simplesmente, com um sorriso fraco e triste no rosto.
- Kerli – Syn tocou o ombro dela. – Eu vou com os caras soltar os “convidados” que estão presos. Vá pegar a Emma com a Hayley, tudo bem?
- Claro, pode deixar. Venha comigo, Emilie.
Kerli segurou a ruiva e puxou-a até o andar dos Moonchild. Ela procurou Hayley por todos os cantos, mas não a encontrava. Até que um grito ecoou pelo quarto feminino, fazendo Kerli gelar e Emilie arregalar os olhos.
Aquele não fora um simples grito. A voz que o soltara continha um pavor implícito, com um certo tom de medo exagerado. As duas correram e encontraram Krysta, uma centauro-adolescente de dezesseis anos, parada em frente a cama de Hayley.
Ao encostar nos pés gelados da ruiva deitada, Emilie não quis olhar para o rosto. Kerli, no entanto, visualizou Hayley com os braços cortados ao lado do corpo, Sua boca rasgada de orelha a orelha, formando um sorriso macabro em seu rosto morto. Suas pálpebras haviam sido arrancadas, o que fazia seus olhos vidrados no teto horripilarem a todos presentes na sala. Um corte profundo bem no centro de sua garganta indicava a causa de sua morte.
- Meu Deus! Hayley! – Kerli a olhava sentindo mil lágrimas caindo freneticamente dos seus olhos. – O que fizeram com você, minha preciosa?
Emilie encarou um dos braços, com um punho cortado e fechado. Evitava olhar o rosto, ele lhe causava arrepios, mas ela abriu o punho, e da mão do cadáver, caiu um bilhete.
- Kerli, veja isso – Emilie puxou a carta, embrulhada em sangue.
Todos que estavam no quarto começaram a sair com pressa, com medo do que estava por vir, mas as duas ficaram ali, lendo o bilhete.
“Olá, Kerli e Emilie,
Sei que serão vocês duas que vão encontrar meu bilhete. Ele me falou. Espero que eu não esteja assustando vocês. Ele disse que, quando terminar, eu ficarei bem bonita. Meus olhos ficarão parecidos com os olhos dele, quando você o matou, Emilie.
Kel, eu tenho pena de você. Por que foi se envolver com a Autumn? Você merece sofrer por isso. Eu concordo com ele. Por isso, sua filha está em boas mãos agora com o Matt.
E quanto à você, Emilie, você vai morrer como a maldita cadela do inferno que você é!
E não fiquem horrorizadas com o que estou escrevendo, ele me obrigou a dizer todas essas verdades para vocês.
Espero que apodreçam junto com os outros bestinhas que seguem vocês! (Brian, Zachary, Johnny e Jimmy)
Nos vemos no inferno!
Hayley”
Era impossível não imaginar a dor e o sofrimento de Hayley ao ter escrito aquilo.Emilie sabia o modo como Andrea torturava quem se opunha a ele.
- O que foi? – Jimmy entrou na sala correndo – ouvimos um grito lá de baixo, vimos pessoas correndo e...
As duas saíram da frente do corpo, dando visão do horror dele para os quatro.
- Ah, meu senhor! O que aconteceu aqui? – Zacky virou o rosto da imagem para falar.
- Nossa filha, Brian – Kerli se atirou nos braços de Syn, em lágrimas – O maldito do Matt está com a nossa Emma!